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Rio de Janeiro - Morro dos Macacos

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O Morro dos Macacos é uma das comunidades que sofreram bastante prejuízos durante as chuvas de abril de 2010. Cinco pessoas morreram e cerca de 200 ficaram desabrigadas na tragédia. Para evitar e prevenir uma nova tragédia, o Morro dos Macacos foi uma das comunidades escolhidas para receber o Mapeamento de Riscos Socioambientais Guiado pela Juventude.

Vinte e quatro meninos e meninas, com idades entre 13 e 22 anos, participaram da iniciativa capitaneada pelo UNICEF, nos dias 18, 20 e 22 de outubro. O primeiro dia de oficina serviu para que os jovens fizessem uma reflexão mais aprofundada sobre os problemas existentes na comunidade. Para isto, eles aprenderam o que são riscos socioambientais, os conceitos de susceptibilidade e vulnerabilidade, o que fazer em caso de desastres e quais os órgãos competentes de cada área, como a Defesa Civil, por exemplo. Também foi discutido o contexto onde moram e quais são os riscos socioambientais aos quais eles estão submetidos.

De posse dessa conceituação, os jovens avaliaram, junto com o responsável pela replicação do projeto no Brasil, Ives Rocha, do CEDAPS, os riscos mais importantes a serem mapeados. Eles priorizaram os temas “coleta de lixo e limpeza urbana”, “espaços de convivência”, “condições de habitação”, “infraestrutura e saneamento”, “postes e iluminação”.

No segundo dia de oficina, dia 20, o grupo aprendeu a confeccionar o material para o mapeamento aéreo, com material de baixo custo, e, na sequência, subiu até o local conhecido como Cruzeiro, ponto mais alto da comunidade, para soltar a pipa e realizar o mapeamento aéreo. Foi realizada uma tentativa de colocar a pipa no ar, mas, as condições climáticas no dia não estavam favoráveis e não permitiram o cumprimento total desta etapa – e o mapeamento aéreo não foi realizado. Depois disso, os jovens se dividiram em grupos e desceram a comunidade para mapear e marcando os pontos de acordo com os temas escolhidos por eles, através do aplicativo UNICEF GIS, contido nos celulares que cada grupo recebeu.

No sábado, 22 de outubro, último dia de oficina, os jovens viram todas as fotos tiradas no segundo dia e discutiram um pouco sobre o que eles observaram. Em seguida, diante de nova impossibilidade de realização do mapeamento aéreo – chovia intermitentemente e havia ventos fortes –, e o grupo decidiu voltar a campo para mapear localidades diferentes das que eles tinham feito no dia anterior – dessa vez com mais tempo para realizar a tarefa. As fotos desta etapa ficaram ainda melhores, mostrando mais problemas, e também foi possível comparar as diferenças dentro da própria comunidade, como a parte mais alta e a parte mais baixa. Um dos problemas mais observados foi a quantidade de lixo nos barrancos e valas, entupindo e atrapalhando o fluxo das águas das chuvas, aumentando o risco de desastres. Eles disseram que o serviço de gari comunitário não funciona bem no local e que as duas caçambas existentes ficam na parte de baixo da comunidade, dificultando o acesso dos moradores, que acabam optando por desprezar o lixo em locais próximos de suas moradias. Depois dessa etapa, os mapeadores utilizaram o site desenvolvido pelo MIT, Youth Mapping Laboratory, para ajustar possíveis falhas no georreferenciamento dos pontos marcados, já que os locais marcados com o GPS são carregados online diretamente para o sistema e exibidos neste site. A última parte da oficina foi discutir um Plano de Ação para o Morro dos Macacos - ou seja, analisar as necessidades mais urgentes do local. De acordo com Joilson Sousa, 18 anos, uma boa estratégia seria se os moradores se aliassem à Associação de Moradores, formando um braço mais forte para cobrar do poder público. Os jovens também falaram que é muito importante e necessário um trabalho de conscientização e alerta para a população para parar de construir em áreas interditadas pela Defesa Civil e parar de jogar lixo nas encostas. A avaliação geral dos jovens foi de que a capacitação foi bastante proveitosa no âmbito geral. Eles gostaram de participar do processo, como disse a jovem Jéssica Ferreira, 15 anos. “Foi muito legal esse mapeamento. Me ajudou a entender mais sobre os riscos, além de eu ter tido a chance de conhecer vários lugares do morro que eu ainda não conhecia”, avalia.